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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mais Poesia

Adélia Prado


Com licença poética


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Bege

Ontem foi um dia razoavelmente produtivo. Se a máquina de costura
tivesse colaborado comigo poderia ter sido melhor. Fiz essas bolsas no
mesmo tecido porque achei essa lona bege muito bonita. Essa semana, se
Deus quiser, será bem produtiva. Abraços.